Para começarmos um assunto tão delicado e cercado de tanto preconceito contarei um pouco de sua história.
O início da eletroconvulsoterapia data do início da década de 30 quando um cientista húngaro observou que pacientes epilépticos quem também apresentavam sintomas psicóticos melhoravam destes sintomas (delírios e alucinações por exemplo) após uma crise convulsiva.
Mais adiante dois pesquisadores italianos tiveram a ideia de produzir a crise convulsiva através da passagem de uma corrente elétrica no cérebro e observaram o mesmo resultado.
Vale lembrar que isso ocorreu na época pré medicamentos psicofarmacológicos que foram descobertos nos anos 50, desenvolvidos na década de 60 até os tempos atuais. Qual a razão de um tratamento se manter com suas indicações e diretrizes até hoje?
Porque ele até hoje se mantém como um tratamento com indicações e diretrizes precisas? Por ter sido testado, comprovado como eficaz e seguro mesmo quando comparado aos novos tratamentos que foram surgindo. O ECT se mantém eficaz e seguro há quase 100 anos mesmo com o desenvolvimento progressivo de novas drogas.
O procedimento em si demora em torno de 10 minutos desde a indução anestésica até a recuperação do paciente quanto retoma a sua respiração espontaneamente. Após acordado, é examinado, liberado para se alimentar e retornar para sua casa. Lembrando que há a necessidade de risco cirúrgico antes do início das aplicações.
A frequência das aplicações gira entre duas a três aplicações por semana em um total usualmente de 8 a 10 aplicações de acordo com cada caso.
E quanto aos efeitos colaterais? Podemos dividi-los em 2 tipos:
- Quanto a anestesia: O paciente pode acordar algo torporoso, alguma desorientação ou enjoado. Tratam-se de efeitos colaterais que podem ocorrer em qualquer anestesia;
- Específicos: Uma leve dor de cabeça, uma leve dor muscular, ambas podendo ter tratadas com analgésicos comuns usados pelo paciente. Amnésia anterógrada. Não se trata de perda de memória do passado. É uma perda de alguns fatos do período de tratamento sendo recuperada na maioria dos casos em semanas ou raramente em meses. Trata-se portanto de um efeito colateral que chamamos de benigno. esse ponto fica claro que o ECT é um tratamento seguro e eficaz sendo inclusive indicado para pacientes grávidas sem riscos para a gestante e o feto.